quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Prezados,
O Blogger reserva-se o direito de acatar determinações judiciais como a que recebemos no dia 26 de novembro, deste ano corrente a respeito da utilização de nossa plataforma para difamar, e aferir contra reputação de terceiros.Portanto, parte do conteúdo deste veículo foi excluído.Sinta-se convidado a fazer uma nova página na ferramenta Blogger, mas sempre atendo-se ao fato de que a palavra impressa no meio virtual também é proferida com relevãncia, de fato e de direito.Atenciosamente,

Equipe Blogger.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A pena vale a pena.

Descobri por que as pessoas não gostam de ler, nem escrever. É simples: não é preguiça, é medo; não o medo das palavras, e sim da descoberta que advém delas. Ler e escrever significa não se acomodar diante do espelho, pôr pra fora tudo aquilo que nos excita ou nos incomoda, sobremaneira na hora em que colocamos as nossas cabeças no travesseiro.

Eu _ que sou ao mesmo tempo um cagão de marca maior e um Harold Foster quando o assunto é a pena na mão e os olhos no papiro _ teimo porque teimo em macerar o teclado e os miolos em uma busca sem trégua pela crônica sincera e por uma noite de sono tranquila. Entenda o termo sincero como aquele texto em que o ocioso leitor, só de folhear as primeiras letras é magneticamente atraído; aquele em que o olho “escorrega” por entre as páginas. Contudo, devo confidenciar-lhes (é, vocês mesmos, a meia-dúzia de pessoas que me lêem) que pelo que andei escrevendo nas rasuras anteriores, ainda preciso tomar muito Biotônico Fontoura. Tenho percebido uma incômoda insatisfação com o que tenho produzido e, pra rasgar o verbo de uma vez, quase não tenho dormido.


De vez em quando, a vontade de largar tudo e viver nos moldes tradicionais quase consegue me seduzir. Aí, penso na agonia inevitável e somatizo uma estranha comichão, que subitamente me toma de assalto, só de pensar na improvável hipótese. Não, mil vezes não! Isso nunca! Escrever para mim é quase como acordar e abrir os olhos, automático. Não saberia mais viver privado do direito de me reconhecer no espelho, ou pior, de me transformar em uma espécie de quasímodo iletrado. Ou ainda, em uma zebra de terno e gravata.

São as nossas escolhas que nos definem. Eu decidi mergulhar cada vez mais fundo em direção ao simples, desde o meu estilo de vida até o da minha escrita. Viver e escrever de forma simples é o objetivo. Conviver com pessoas simples e trocar experiências acerca da simplicidade. Falar sobre as coisas simples da vida. Comer pipoca com a namorada, encontrar lirismo no gesto e, por fim, colocar no papel tudo isso.

Essa foi a forma que encontrei de me sentir gente. Juro que até tentei seguir a maré da mesmice, mas a correnteza era muito forte e não deu pra mim, não tive fôlego pra segurar a barra. Definitivamente não era a minha praia. Preferi a segurança e o controle sobre o ato de construir, letra após letra, a minha visão de mundo. De poder me sentir livre para ser quem eu quero e falar sobre o que quero, na hora em que me der na veneta, como um ditador. Aqui, nessa folha em branco que não passa de um aglomerado de pixels, eu choro, dou gargalhada, sofro, amo e sou feliz. Aqui me realizo e me alimento. Aqui eu mando. Aqui eu vivo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Inferno são os Loucos.

Descobri que vim ao mundo com defeito de fabricação. Parece que exatamente na hora em que estavam dando os retoques finais no papai aqui, algum anjo preguiçoso teve dor de barriga e, obviamente, foi cuidar das suas coisas, largando-me na podre. O lance é que quanto mais o tempo passa, mais certeza disso eu tenho. Acho que me falta um parafuso, ou me sobra, vai saber!

Confesso já ter ficado bastante aborrecido diante dessa situação, mas hoje até que me divirto com a fama. Pensando bem, não é tão ruim ser taxado de tarja-preta, desde que a alcunha me permita obter um mínimo de paz e tranqüilidade. Pra ser bem sincero, nem me abalo mais se, por exemplo, algum amigo me pesa a paciência com as brincadeirinhas que só ele e mais ninguém no mundo acha graça. O que não quero é que as poucas amizades que tenho não saiam arranhadas por uma eventual declaração torta, alimentada pela carência de quem - euzinho - não consegue manter a boca fechada quando se deve.

Afora esses “senões”, não vejo problema nenhum em conquistar notoriedade por imposição da camisa-de-força. Para ser bem sincero, eu acho até bom. Gosto de encarar essas experiências do tempo do pijaminha azul, boas e ruins, como parte integrante da formação do meu caráter e por que não dizer, da vontade divina. Acredito que o “Grande Arquiteto” tenha confiado a mim o inglório dom de saber lidar com ela, a loucura. E se querem saber, a gente se dá muito bem.

Por isso, antes que algum engraçadinho comece a balangar os beiços e dê o seu parecer inoportuno e inapropriado ao meu caso sob o ponto-de-vista da psiquiatria, já deixo bem claro: que vá pra puta - que - pariu. A loucura é minha e ponto final. Não perguntei nada a ninguém...

Sou louco, mas não sou burro, se é o que você quer saber. O suficiente para acordar cedo, trabalhar, pagar as minhas contas e não dever nada a ninguém (este tipo também é chamado por alguns de “malandro”); sou do tipo que ainda acredita na própria profissão, que lê o mesmo livro inúmeras vezes, que jura de pé junto que o Brasil ainda vai ser primeiro mundo ou qualquer outro nome que traduza fielmente este sonhado Status quo. Sou louco de amar a mesma mulher todos os dias e de, ao lado dela, encarar o mundo de frente.

Isso é bem diferente de ser burro. Aliás, coitado, justiça seja feita: de burro, o Burro não tem nada. Ser um quadrúpede das orelhas grandes e outras cositas más não o desabona em nada. Pelo contrário. Ele deveria se chamar “Louco”, ou qualquer outra coisa. Burro no sentido orelha-sequiano é outra coisa. E esse,meu nego, nem comer capim sabe.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Orbitando...Pra Variar.

É curioso o fato de que pessoas com quem dividimos uma vida, de repente passam a fomentar animosidades sem pés nem cabeça, fazendo de nós parias aos olhos da sociedade. A força que move o ódio dessas pessoas, a quem apelidei de “zebras”, poderia ser canalizada para outros fins que não a mais despudorada demonstração de despeito, até então jamais vista por este ávido observador do cotidiano. Essas pessoas fantasiadas de bob esponja são na verdade, lulas-moluscos, enfeitados de bijoux tristes que mascaram a sua solidão e sua insatisfação pessoal tripudiando da vida alheia, ao menor sinal de que as suas não andam segundo as suas determinações. O pior é que elas nem tocam clarinete...

É por isso que falo de quem gosto, ou no mínimo, de quem tolero. E o assunto de hoje passa longe de figurar em uma matéria do Discovery channel, meus amigos. Enquanto me dava ao luxo de ter o direito de resposta a uma questão pessoal, buscava nos arquivos da minha calva cabeça alguma referência que alimentasse esse folguedo que o ato de escrever aos domingos se tornou pra mim; qual não foi a minha surpresa quando vi minhas mãos involuntariamente a digitar de modo sôfrego, como se quisessem fazer algum tipo de justiça a esse ilustre personagem da minha vida: o meu pai.

Esse cara de quem falarei nas linhas subseqüentes é um sujeito que, nem que eu viva duzentos anos, irei encontrar alguém similar em caráter, hombridade e amor à família. É bom lembrar do tempo em que ele, ainda com a vasta cabeleira encaracolada, me carregava em seus ombros rumo ao futebol semanal. Eu ainda nem fazia idéia do sujeito que viria a ser um dia, mas os valores do meu velho pai já se haviam entranhado na minha personalidade pueril; valores que tento carregar comigo e que me ensinam a viver com um mínimo de sossego.

O maior exemplo que herdei dele foi que “a palavra de um homem é seu maior patrimônio; uma vez que ela perde o peso, pode-se decretar a sua falência moral”. E palavra eu sempre tive. Se eu a usei para o bem ou para o mal, só a minha consciência sabe e só a ela devo satisfações. De gosto musical refinado, com um sorriso de avô gratuito e para orgulho de toda família, trabalhador, muito trabalhador. Quantos natais e anos-novos eu o vi sair de madrugada para a lida e só voltava de manhãzinha com as orelhas cheias de minério... quantas privações passamos juntos em prol de uma vida mais confortável... um homem de idéias originais e de muita visão, mas de coração mole. Adorável em qualquer circunstância, o xodó de minhas ex-namoradas...
O pai sempre foi muito transparente, mas e quanto ao homem? Esse eu ainda estou descobrindo quem é. Para falar a verdade, só consegui ter uma vaga noção de quem é este ser humano no dia em que deixei de ser filho. Essa é mais uma das grandes verdades da vida que combati e que por fim dobrei os joelhos, derrotado e feliz por não ter tido a razão que ansiava na juventude.

Gostaria de lhe dizer, meu velho melhor amigo, que lamento não ter sido mais próximo da sua intimidade o quanto você merecia. Peço perdão por não ter respeitado seus momentos de ser humano frágil e, ainda assim, maravilhoso que o senhor é. Queria que soubesse que o amor filial que sinto pelo senhor nunca morreu, nem mesmo quando cansado, o senhor se recusou a jogar dominó comigo. Nem mesmo quando contra tudo e contra todos, ficou ao meu lado em meu momento mais difícil. Agora, sinto que meu primeiro vôo solo em direção a minha história é possível e não poderia deixar o senhor de fora dessa conquista. Mesmo que não nos conheçamos mais. Mesmo que o senhor tenha se cansado de me amar. Mesmo que seja para tomar a parte que lhe cabe nessa vitória. Ao menos para que eu possa lhe dizer o quanto eu o amo.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Cérbero de Pindorama.

Pra começo de conversa, vamos parar com essa mania besta de escrever bonito. Afinal, pra que enfeitar o “cu do burro”, se ninguém de fato lê o que escrevemos? É verdade, podem reparar. Eu sinceramente perdi o encanto e o deslumbre pelas letras muito arrumadinhas à custa de gumex. E sabe por quê? Porque ninguém está nem aí! E se quem lê não liga a mínima, eu é que vou ligar?

Eu assumo. Esta crônica é na verdade, um desabafo rancoroso de quem não sabe nem para onde atira e muito menos qual é o alvo de tal ódio. Queria poder dar nomes aos bois e listá-los por ordem de prioridades, mas não sei nem por onde começo. E a voz.... a voz.... essa maldita voz da consciência que me perturba e que me impele a escrever, mesmo sem um assunto na ponta da pena que o valha. Essa maldita voz que me empurra na direção do abandono, da desesperança e da solidão, meus fiéis companheiros; a mesma voz que ora me levanta nas alturas em júbilo obsceno, ora me atira às profundezas da mesquinharia.

É, você tem razão, eu sou um burro. E não me refiro ao falante da história bíblica nem o da obra de Monteiro Lobato.
Sou uma besta prestes a jogar fora uma preciosa fatia do meu tempo na confecção desta coletânea de abobrinhas, na vã tentativa de me tornar um escritor pior e assim, ter do que reclamar. Tenho comido de menos e fumado demais, sem achar graça nenhuma na vida e com a nebulosa certeza de que sou um caso perdido. Por isso é que escrevo. Se eu fosse realmente esse "cara valente" que acreditei que fosse a vida inteira, teria feito como Hemmingway. Ele foi mais corajoso, não é verdade?

Como não disponho nem de uma carabina e nem de colhões para tanto, resigno-me à situação e toco a minha vidinha sem graça sem lirismos, nem conversa fiada. A vidinha de um cara que escreve e nada mais. Um frustrado que niguém conhece, mas que teima em ser o seu anônimo íntimo. Sei, sei que é assustador e invasivo, mas o que há de se fazer? Continuar com medo? Logo da minha persona de Cérbero? Relaxe. É só uma fantasiazinha que não mete medo em ninguém. Afinal, as únicas portas que guardo são as do meu inferninho particular. Aquele que ninguém lê.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Confissões de um Coça-Nozes.


Era só o que me faltava! Estou aqui de frente para o meu moleschine digital, enquanto o mundo desaba em chuva na rua e eu, pra variar, sem absolutamente nada para fazer. Só de pensar que não terei sobre o que dizer em mais um capítulo da minha saga verborrágica, me acelera a queda dos cabelos. Pensei nos meus inimigos, mas não encontrei em nenhum deles um assunto relevante que pudesse figurar em meu colóquio de coçador de saco vespertino. Do meu trabalho, não tenho sobre o que reclamar e pra falar a verdade, em um país como o Brasil, ventilar esse tipo de chorumela eu acho até cafona.

E se não tenho do que reclamar, o que é que eu faço agora com meu tempo ocioso ? A rabugice é algo tão inerente à minha pessoa, que ao menor sinal de que as coisas estão andando bem já começo a ficar preocupado. Pode ser que seja o prenúncio de tempos ruins, estes tempos bons. Se o caro amigo e leitor onanista tiver um mínimo de sinapses sadias, irá compreender que para quem é amargo assim como eu, a felicidade é um estorvo. E eu falo, assumo o que digo e explico os porquês de se abominar os alegrinhos.

Pra começar, todo alegrinho ou é meio falso, ou meio burro. Ou não presta atenção à vida. Deve ser uma questão genética, sei lá. Não quero dizer com isso que ser uma pessoa medianamente feliz não tenha os seus méritos. Pelo contrário. Até admiro quem consegue estabelecer um equilíbrio entre as suas emoções e consegue passar a vida inteira fingindo que é normal, mas confesso que essa espécie de gente anda cada vez mais rara de se ver. Junte-se a isto o fato de que todo alegrinho possui uma disposição irritante para a vida, para a festa e o escambau, sem a menor comiseração (vou aproveitar que essa palavrinha está na moda para usá-la da maneira correta) por quem faz do infortúnio o seu modus vivendi.

E tem outra: os alegrinhos são à prova de ranhetices. E muito obstinados também. Solitário, um rabugento de carteirinha pode até se dar ao luxo de não ter de provar ao mundo o quão profundo ele o é, de viver a vida inteira assim e nem sequer se preocupar com isso, já que a ninguém ele dará oportunidade para uma eventual averiguação. Agora, quando um desses chatos com sorriso automático na cara consegue romper a paliçada que o protege do medo de ser visto como realmente é_ frágil_ e lhe mostra que a vida pode ser tão ou mais interessante que andar com nuvens na cabeça, o estrago já está feito. O ranheta deixa de ser carranca de São Francisco e passa a ser um alegre bonecão do posto. E o melhor: passa a achar graça em tudo. Até na falta do que escrever.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A caixa aberta.


As escadas pintadas de vermelhão e o velho barraco de madeira cuidadosamente pincelado com azul figuram entre as maiores lembranças da minha infância de moleque barrigudo. Não sei se me recordo dessa época por influência de uma foto já amarelecida pelo tempo_ em que apareço de shorts na cor grená empunhando um sabre do meu tio que foi cadete em Barro Branco _ ou pela absurda capacidade de retenção desta minha prodigiosa memória. O fato é que, pela primeira vez, tenho coragem de perder meu tempo falando sobre isso. Acho que é, de fato, a minha grande recordação e, simultaneamente, a primeira e a última vez em que me dei conta de que era gente. Um pingo, mas inegavelmente gente.

Ao leitor, digo “calma”, pois não embarcarei em uma espécie de “lira dos vinte anos”, até porque acho Álvares de Azevedo um chato de galochas que não tinha mais o que fazer. Que me perdoem os acadêmicos, os poetas bissextos e todo mundo que se mete à besta de escrever pelo meu comportamento belicoso de cronista temporão, mas é meu dever alertá-los de que não dou a mínima pra vocês. Falarei sobre o que me rodeia e se não lhes interessar, o problema é de vocês.

Lembro-me do dia em que tomei um daqueles tombos de bicicleta que ficam para sempre na lembrança e na pele. Não poderia ser de outra forma, afinal, trinquei um dente da frente e até hoje me culpo por um dia ter sido criança. Hoje, ao me ver com certo distanciamento, posso afirmar sem o menor medo que fui o único responsável por aquela queda, que mais se pareceu com uma aterrissagem mal-sucedida de um avião sem trem de pouso e com pista molhada. Foi um alvoroço danado: pessoas correram de lá pra cá em meu auxílio, dona Zezé, aquela que supostamente dera um osso de galinha à minha cadela de estimação e não satisfeita com a grande merda feita, presenteara a minha querida pulguenta com uma passagem só de ida para a terra das patas juntas, largou o que estava fazendo pra me acudir. Por isso, merece um desconto. Ainda por cima, fui obrigado a presenciar meus pais se culparem mutuamente pela falta de responsabilidade um do outro. Eu até que gostava da negligência compulsória dos dois quando guri. Era mais fácil ser livre pra aprontar naquela época, já que os dois davam duro, cada um em sua respectiva função e não tinham de fato muito tempo para ficarem de olho aberto em mim.

Como buscasse remédio de vida, minha família se mudara para um prédio em frente ao Parque Moscoso, o que havia de mais bonito e moderno em termos de casas encaixotadas e sobrepostas da época. Engraçado, só agora me dou conta de algo para o qual não havia atentado até então: quando guri achava que o velho Moscoso era o maior parque do mundo. Eu devia ter entre seis e sete anos. Com essa mudança geográfica, morria o moleque de pernas ruças e poeirentas e em seu lugar, surgia o menino_ colecionador de playmobil e figurinhas do álbum “Selos de todo o Mundo”_ que um dia iria escrever suas idiossincrasias em uma tela que brilha e serve como simulacro de máquina de datilografar. Confesso que não sei até hoje quem é esse outro garoto, pois ele raramente aparece para mim e há tempos anda sumido.

Até pouco tempo atrás eu acompanhei as suas peripécias. Soube que se mudou para o que é hoje o maior bairro de Vitória e lá, aos oito anos, conheceu aqueles que vieram a ser os seus grandes comparsas de traquinagem e de matinês na extinta boate Zoom. Lá ele cresceu, aprendeu sobre as “coisas do mundo”, como a sua avó paterna e evangélica costumava se referir ao que realmente interessa a um garoto imberbe e pré-púbere (Nem sei se essa palavra existe!), ou seja: meninas, meninas e meninas. É claro que nem sempre ele lograva êxito, no que aproveitava para preencher o tempo ocioso ouvindo os discos de vinil dos Beatles, outra grande paixão sua. Soube também que esse menino tornou-se um homem, conheceu uma pequena, apaixonou-se, sofreu, caiu e por amor se levantou. Dizem por aí que até pai ele é.

Aproveito para dizer, menino, caso você esteja me lendo agora, que gostaria de saber mais notícias suas. Sinto falta das nossas conversas, lembra-se? Eu e você na maior cara-de-pau a cantar Nowhere Man de frente para o espelho. Meu Deus, que farra! Sinto às vezes uma vontade irrefreável de sair à sua procura e repetir esses momentos tão nostálgicos e felizes, mas não sei por onde você anda. Por mais que eu procure, não te encontro. Tenho medo de que você talvez tenha se enchido de mim e fugido para nunca mais voltar em direção ao labirinto escuro que se chama Eu.